Eram 4h horas da manhã e ouviam-se gritos de criancinhas. Sentia-se no chão o correr infindável de pessoas que procuravam o balcão de
check-in correcto e apetecia-me vomitar. Tinha na boca o sabor detestável de uma
carbonara caríssima que só comi porque estava com fome. Segurei o vómito!
Dentro do saco-cama, deitado na chão, levantei ligeiramente a cabeça: estava pesada e repentinamente começou a latejar, aiiiiee!. Retirei a venda que tinha olhos, reparei que todos me olhavam. A Cláudia, já acordada, estava com cara de parva. Não disse nada. Manteve-se calada e imóvel com o olhar na minha direcção.
Escangalhei-me a rir da situação e gritei um ai! de homem que se ouviu inevitavelmente num raio de 15 metros, enquanto me escondia dentro do saco-cama!
Dois minutos e levantei-me meio à vergonha: afinal tinha acabado de acordar dum sono de 2 horas no meio do terminal 4 do Aeroporto de Barajas, em Madrid; estava suado, com a boca seca, os dentes por lavar e despenteado. Senti-me mal mas achei piada.
Corri para o quarto de banho, quer dizer para o WC. (...) Olhei-me ao espelho, vi que tinha os olhos mais pequenos do mundo e que, ainda por cima, estavam escarlate. Filho do puta do ar condicionado!, pensei comigo. Só penso, odeio dizer asneiras. Lavei os dentes, passei vinte vezes água pela cara e esfreguei 2 vezes as mãos. A meio, lembrei-me da gripe A!
Saí do WC e fomos para o balcão de check-in, mesmo em frente ao sítio que tínhamos escolhido para passar a noite. Despachámos as malas, com medo das habituais confusões nas escalas de Amesterdão. Eram 4h50 da manhã e já nos estávamos a preocupar com alguma coisa.
O voo partiu às 6h15: amanheceu dentro do avião. Nunca tinha visto o nascer do sol a partir duma janela dum boeing ou airbus, nem mesmo quando aterrei em Luanda às 10h da manhã. É bonito. Ninguém pode morrer sem ver o arco-íris que se forma mesmo antes do surgir do sol: tenho fotografias.
O melhor de tudo no voo foram as hospedeiras. A KLM faz, sem dúvida, óptimas apostas na área dos recursos humanos. "Coffee, Milk, Tea?", "Oh querida, pode ser milk. Milk please!".
O avião estava praticamente vazio.
A aproximação ao solo holandês criou em mim uma súbita paixão por aquele país: havia imensos lagos, paisagens absolutamente verdejantes, vacas verdadeiras everywhere, autênticas casas da Lego em ponto grande e que provavelmente albergam hospedeiras de cortar a respiração... Bué nice!
Queria que aquilo fosse a minha casa. Sempre adorei legos, aviões e falar estrangeiro. Recordo-me da minha infância. Quando tinha 5, 6 e 7 anos emitia uns vocábulos para o meu irmão Kiko que imediatamente atingia o propósito da situação e me respondia na mesma língua: éramos louros, de olhos claros, lindos, com a pele queimada pelo sol e, acima de tudo, adorávamos passar por “come-on(es)” onde quer que estivéssemos durante as férias. Que saudades!
to be continued
Etiquetas: Airport, Amsterdam, Barajas, Istambul, KLM, Madrid, Middle East, Spain, Travelling, Turkey
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